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Chega ao mercado brasileiro uma nova tradução de 1933 foi um ano ruim, romance póstumo de John Fante (1909-1983). No fundo do estado norte-americano do Colorado, Dominic Molise, 17 anos, filho de um pedreiro e uma dona-de-casa temente a Deus, ambos imigrantes italianos, sonha em fugir do frio, ir para a Califórnia e tornar-se um grande arremessador de baseball, graças ao seu vigoroso braço esquerdo - dádiva concedida à miséria da sua vida. Enquanto isso não acontece, ele atura a avó ranzinza, os irmãos e o pai, que trai a sua mãe, pede segredo ao filho e ainda por cima desdenha dos seus sonhos esportivos, querendo transformá-lo em pedreiro como ele. Dominic freqüenta a casa de Kenny, filho de um dos homens mais ricos da cidade, e apaixona-se por Dorothy, a refinada irmã do amigo. 1933 é um ano ruim porque Dominic depara-se com as impossibilidades da vida humana e tem de escolher entre seu sonho dourado e a pequena existência que lhe é insuportável. 1933 foi um ano ruim é, como grande parte da literatura de John Fante, baseado em fatos autobiográficos: filho de emigrantes italianos pobres (ele um pedreiro, ela, uma dona-de-casa devota), Fante fugiu da sua cidade natal para tornar-se escritor na Califórnia. Como todos os textos do autor, 1933 foi um ano ruim está imbuído de um sentimento de compaixão para com as fraquezas e misérias humanas: fraquezas e compaixão tais que pintam o homem no seu estado mais nu e indefeso ao mesmo tempo que devolvem-lhe a honra e a dignidade de um ser sofredor. O manuscrito do romance permaneceu inédito durante anos e veio à luz devido ao esforço de Charles Bukowski de resgatar a obra de Fante, sobre quem dizia: "Finalmente aqui está um homem que não tem medo da emoção". Esta edição de 1933 foi um ano ruim faz parte de um esforço do mercado editorial brasileiro de resgatar e tornar novamente acessível ao público a obra de um dos maiores escritores norte-americanos. |