Memórias Póstumas de Brás Cubas
Ao verme
que
primeiro roeu as frias carnes
do meu cadáver
dedico
como saudosa lembrança
estas
Memórias Póstumas
AO LEITOR
QUE STENDHAL confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual, ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.
Mas eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o primeiro remédio é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos cousas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro mundo. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus.
Brás Cubas
CAPÍTULO PRIMEIRO /ÓBITO DO AUTOR
CAPÍTULO II / O EMPLASTO
CAPÍTULO III / GENEALOGIA
CAPÍTULO IV / A IDÉIA FIXA
CAPÍTULO V / EM QUE APARECE A ORELHA DE UMA SENHORA
CAPÍTULO VI / CHIMÈNE, QUI L'EÜT DIT? RODRIGUE, QUI L'EÜT CRU?
CAPÍTULO VII / O DELÍRIO
CAPÍTULO VIII / RAZÃO CONTRA SANDICE
CAPÍTULO IX / TRANSIÇÃO
CAPÍTULO X / NAQUELE DIA
CAPÍTULO XI / O MENINO É PAI DO HOMEM
CAPÍTULO XII / UM EPISÓD10 DE 1814
CAPÍTULO XIII / UM SALTO
CAPÍTULO XIV / O PRIMEIRO BEIJO
CAPÍTULO XV / MARCELA
CAPITULO XVI / UMA REFLEXÃO IMORAL
CAPÍTULO XVII / DO TRAPÉZIO E OUTRAS COUSAS
CAPÍTULO XVIII / VISÃO DO CORREDOR
CAPÍTULO XIX / A BORDO
CAPÍTULO XX / BACHARELO-ME
CAPÍTULO XXII / VOLTA AO RIO
CAPÍTULO XXIII / TRISTE, MAS CURTO
CAPÍTULO XXIV / CURTO, MAS ALEGRE
CAPÍTULO XXV/ NA TIJUCA
CAPÍTULO XXVI / O AUTOR HESITA
CAPÍTULO XXVII / VIRGÍLIA?
CAPÍTULO XXVIII / CONTANTO QUE...
CAPÍTULO XXIX / A VISITA
CAPÍTULO XXX / A FLOR DA MOITA
CAPÍTULO XXXI / A BORBOLETA PRETA
CAPÍTULO XXXII / COXA DE NASCENÇA
CAPÍTULO XXXIII / BEM-AVENTURADOS OS QUE NÃO DESCEM
CAPÍTULO XXXIV / A UMA ALMA SENSÍVEL
CAPÍTULO XXXV / O CAMINHO DE DAMASCO
CAPÍTULO XXXVI / A PROPÓSITO DE BOTAS
CAPÍTULO XXXVII / ENFIM!
CAPÍTULO XXXVIII / A QUARTA EDIÇÃO
CAPÍTULO XXXIX / O VIZINHO
CAPÍTULO XL / NA SEGE
CAPÍTULO XLI / A ALUCINAÇÃO
CAPÍTULO XLII / QUE ESCAPOU A ARISTÓTELES
CAPÍTULO XLIII / MARQUESA, PORQUE EU SEREI MARQUÊS
CAPÍTULO XLIV / UM CUBAS!
CAPÍTULO XLV / NOTAS
CAPÍTULO XLVI / A HERANÇA
CAPÍTULO XLVII / O RECLUSO
CAPÍTULO XLVIII / UM PRIMO DE VIRGÍLIA
CAPÍTULO XLIX / A PONTA DO NARIZ
CAPÍTULO L / VlRGÍLIA CASADA
CAPÍTULO LI / É MINHA!
CAPÍTULO LII / O EMBRULHO MISTERIOSO
CAPÍTULO LIII / ...
CAPÍTULO LIV / A PÊNDULA
CAPÍTULO LV / O VELHO DIÁLOGO DE ADÃO E EVA
CAPÍTULO LVI / O MOMENTO OPORTUNO
CAPÍTULO LVII / DESTINO
CAPÍTULO LVIII / CONFIDÊNCIA
CAPÍTULO LIX / UM ENCONTRO
CAPÍTULO LX / O ABRAÇO
CAPÍTULO LXI / UM PROJETO
CAPÍTULO LXII / O TRAVESSElRO
CAPÍTULO LXIII / FUJAMOS!
CAPÍTULO LXIV / A TRANSAÇÃO
CAPÍTULO LXV / OLHEIROS E ESCUTAS
CAPÍTULO LXVI / AS PERNAS
CAPÍTULO LXVII / A CASINHA
CAPÍTULO LXVIII / O VERGALHO
CAPÍTULO LXIX / UM GRÃO DE SANDICE
CAPÍTULO LXX / D. PLÁCIDA
CAPÍTULO LXXI / O SENÃO DO LIVRO
CAPÍTULO LXXII / O BIBLIÔMANO
CAPÍTULO LXXIII / O LUNCHEON
CAPÍTULO LXXIV / HISTÓRIA DE D. PLÁCIDA
CAPÍTULO LXXV / COMIGO
CAPÍTULO LXXVI / O ESTRUME
CAPÍTULO LXXVII / ENTREVISTA
CAPÍTULO LXXVIII / A PRESIDÊNCIA
CAPÍTULO LXXIX / COMPROMISSO
CAPÍTULO LXXX / DE SECRETÁRIO
CAPÍTULO LXXXI / A RECONCILIAÇÃO
CAPÍTULO LXXXII / QUESTÃO DE BOTÂNICA
CAPÍTULO LXXXIII / 13
CAPÍTULO LXXXIV / O CONFLITO
CAPÍTULO LXXXV / O CIMO DA MONTANHA
CAPÍTULO LXXXVI / O MISTÉRIO
CAPÍTULO LXXXVII / GEOLOGIA
CAPÍTULO LXXXVIII / O ENFERMO
CAPÍTULO LXXXXIX / IN EXTREMIS
CAPITULO XC / O VELHO COLÓQUI0 DE ADÃO E CAIM
CAPÍTULO XCI / UMA CARTA EXTRAORDINÁRIA
CAPÍTULO XCII / UM HOMEM EXTRAORDINÁRIO
CAPÍTULO XCIII / O JANTAR
CAPÍTULO XCIV / A CAUSA SECRETA
CAPÍTULO XCV / FLORES DE ANTANHO
CAPÍTULO XCVI / A CARTA ANÔNIMA
CAPÍTULO XCVII / ENTRE A BOCA E A TESTA
CAPÍTULO XCVIII / SUPRIMIDO
CAPÍTULO XCIX / NA PLATÉIA
CAPÍTULO C / O CASO PROVÁVEL
CAPÍTULO CI / A REVOLUÇAO DÁLMATA
CAPÍTULO CII / DE REPOUSO
CAPÍTULO CIII / DISTRAÇÃO
CAPÍTULO CIV / ERA ELE
CAPÍTULO CV / EQUIVALÊNCIA DAS JANELAS
CAPÍTULO CVI / JOGO PERIGOSO
CAPÍTULO CVII / BILHETE
CAPÍTULO CVIII / QUE SE NÃO ENTENDE
CAPÍTULO CIX / O FILÓSOFO
CAPÍTULO CX / 31
CAPÍTULO CXI / O MURO
CAPÍTULO CXII / A OPINIÃO
CAPÍTULO CXIII / A SOLDA
CAPÍTULO CXIV / FIM DE UM DIÁLOGO
CAPÍTULO CXV / O ALMOÇO
CAPÍTULO CXVI / FILOSOFIA DAS FOLHAS VELHAS
CAPÍTULO CXVII / O HUMANITISMO
CAPÍTULO CXVIII / A TERCEIRA FORÇA
CAPÍTULO CXIX / PARÊNTESIS
CAPÍTULO CXX / COMPELLE INTRARE
CAPÍTULO CXXI / MORRO ABAIXO
CAPÍTULO CXXII / UMA INTENÇÃO MUI FINA
CAPÍTULO CXXIII / O VERDADEIRO COTRIM
CAPÍTULO CXXIV / VÁ DE INTERMÉDIO
CAPÍTULO CXXV / EPITÁFIO
CAPÍTULO CXXVI / DESCONSOLAÇÃO
CAPÍTULO CXXVII / FORMALIDADE
CAPÍTULO CXXVIII / NA CÂMARA
CAPÍTULO CXXIX / SEM REMORSOS
CAPÍTULO CXXX / PARA INTERCALAR NO CAP. CXXIX
CAPÍTULO CXXXI / DE UMA CALÔNIA
CAPÍTULO CXXXII / QUE NÃO É SÉRIO
CAPÍTULO CXXXIII / O PRINCÍPI0 DE HELVETIUS
CAPÍTULO CXXXIV / CINQUENTA ANOS
CAPÍTULO CXXXV / OBLIVION
CAPÍTULO CXXXVI / INUTlLIDADE
CAPÍTULO CXXXVII / A BARRETINA
CAPÍTULO CXXXVIII / A UM CRÍTICO
CAPÍTULO CXXXIX / DE COMO NÃO FUI MINISTRO D'ESTADO
CAPÍTULO CXL / QUE EXPLICA O ANTERIOR
CAPÍTULO CXLI / OS CÃES
CAPÍTULO CXLII / O PEDIDO SECRETO
CAPÍTULO CXLIII / NÃO VOU
CAPÍTULO CXLIV / UTILIDADE RELATIVA
CAPÍTULO CXLV / SIMPLES REPETIÇÃO
CAPÍTULO CXLVI / O PROGRAMA
CAPÍTULO CXLVII / O DESATINO
CAPÍTULO CXLVIII / O PROBLEMA INSOLÚVEL
CAPÍTULO CXLIX / TEORIA DO BENEFÍCIO
CAPÍTULO CL / ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO
CAPÍTULO CLI / FILOSOFIA DOS EPITÁFIOS
CAPÍTULO CLII / A MOEDA DE VESPASIANO
CAPÍTULO CLIII / O ALIENISTA
CAPÍTULO CLIV / OS NAVIOS DO PIREU
CAPÍTULO CLV / REFLEXÃO CORDIAL
CAPÍTULO CLVI / ORGULHO DA SERVILIDADE
CAPÍTULO CLVII / FASE BRILHANTE
CAPÍTULO CLVIII / DOUS ENCONTROS
CAPÍTULO CLIX / SEMIDEMÊNCIA
CAPÍTULO CLX / DAS NEGATIVAS